A procura pela inovação e o acaso do sucesso

A inovação assenta em conhecimento quer organizacional, quer pessoal. Esse conhecimento pode ser direto ou indireto, também designado de “Knowledge acquaintance” o qual se contrapõem ao “propositional Knowledge”. A eleição conceptualização desta abordagem assenta em modelos de análise e representação da realidade complexa em realidade simples e individual. No mundo dos negócios, essas ocorrências serendipitosas podem ser fontes poderosas de inovação, levando à criação de produtos que transformam mercados inteiros. Neste post, exploramos um exemplo icónico famoso de serendipidade empresarial: a invenção do Post-it.

A descoberta acidental

Nos anos 60, a empresa 3M estava envolvida em pesquisa e desenvolvimento de novos adesivos. Spencer Silver, um dos cientistas da 3M, estava a trabalhar em um adesivo forte, mas o resultado foi uma cola que era na realidade bastante fraca e removível. Esta descoberta não se adequava ao projeto inicial, mas tinha uma característica única – podia ser colada e descolada repetidamente sem deixar resíduos.

Durante anos, a descoberta de Spencer Silver ficou à espera de uma aplicação prática. Apenas uma década depois, outro cientista da 3M, Art Fry, envolvido no coro da igreja, teve uma ideia ao enfrentar um problema comum: os marcadores de página dos seus livros de hinos caíam constantemente. Ele lembrou-se do adesivo de Spencer Silver e percebeu que poderia ser exatamente o que precisava para criar um separador que permanecesse no lugar. Com a ajuda de Spencer Silver e o apoio da 3M, Art Fry começou a desenvolver um produto utilizável.

No entanto, houve resistência inicial dentro da empresa devido à falta de uma aplicação clara e à crença de que o adesivo fraco não teria mercado. Art Fry distribuiu amostras gratuitas do que se tornaria o Post-it na empresa, permitindo que os funcionários experimentassem o produto. Essa estratégia gerou um feedback positivo esmagador, levando a um apoio interno crescente. Em 1980, após testes de mercado bem-sucedidos, a 3M lançou o Post-it oficialmente. O produto rapidamente se tornou um sucesso global, transformando- se em uma ferramenta essencial em escritórios e lares ao redor do mundo. 

Lições de Serendipidade e Inovação

A história do Post-it destaca a importância de uma cultura empresarial que valoriza a experimentação e a reavaliação de ideias aparentemente falhadas. Uma invenção que parecia sem propósito acabou encontrando um nicho significativo por meio da persistência e criatividade. O sucesso veio da colaboração interdisciplinar entre Spencer Silver e Art Fry, exemplificando como a comunicação entre diferentes áreas de uma empresa pode desbloquear novas oportunidades de aplicação de tecnologias existentes.

Crucial para o sucesso do Post-it foi a prática de distribuição de amostras para avaliação e testes reais uma verdadeira abordagem de prototipagem e feedback. Este método permitiu validação de mercado antes do lançamento comercial completo, reduzindo assim o risco e aumentando o potencial de sucesso. O caminho do Post-it até o sucesso não foi direto. Sem a persistência e a visão de Fry, que acreditou na ideia e sobrepôs resistência interna, o Post-it nunca ter chegaria ao mercado. Este é um aspecto de empreendedores e empreendorismo sobre a importância de acreditar na própria visão.

Desde o seu lançamento, o Post-it não apenas consolidou a posição da 3M como uma das empresas mais inovadoras do mundo, mas também desencadeou uma cultura de criatividade e inovação. Produtos adicionais foram desenvolvidos com base no mesmo princípio adesivo, expandindo continuamente a linha Post-it e atingindo inúmeros setores de mercado. 

Exemplos de serendipidade expansíveis a outros setores de negócios

A história do Post-it é um exemplo poderoso de como o acaso, quando guiado por curiosidade, resiliência, e comunicação aberta, pode levar a inovações que transformam não apenas as empresas, mas indústrias inteiras. Para os empresários e líderes do futuro, a lição é clara: esteja atento às descobertas inesperadas, cultive uma mente aberta e não subestimem o poder de uma ideia simples.

Aplicando este modelo e exemplo podemos ver similitude nos casos do insucesso do café Nespresso face ao Dulce Gusto da Nestlé, para posteriormente relançar e crescer o caso do Nespresso. Ainda no caso do café a história de sucesso internacional da Starbucks é outro exemplo de como a inovação num negócio clássico e num mercado aparentemente saturado se tornou um ícone de beber café.

Podemos vir na distribuição de seguros não vida em Portugal com o caso de sucesso que é a SABSEG, a partir de um visão sobre o mercado da mediação de seguros de Braga, pivot para o crescimento e impulso de expansão para a liderança da corretagem em 23 anos.

A inovação é um processo irmão da serendipidade

Desouza, K.C. et al. (2009) distingue a aplicabilidade do processo de inovação, em função de dois padrões organizacionais: organizações robustas e organizações frágeis. Podemos afirmar que no caso das organizações robustas a inovação segue uma matriz profissional, porque desde a sua geração à difusão há um departamento estruturado para o seu suporte e spill-over.

Nas organizações frágeis, o processo é impulsionado a partir dos colaboradores, que tem de convencer os gestores a adotá-lo e onde o risco de falhar é maior. Aparentemente a vantagem da agilidade das organizações mais simples não se evidencia na inovação como um processo criativo estruturado, mas assente no acaso. O conhecimento organizacional e o conhecimento individual interligam-se com maior ou menor intensidade em função das características e abertura à inovação das organizações onde gravita como defendem Aghion, P. et al.(2021)

Referências bibliográficas

Aghion, P., Antonin, C., Bunel, S. (2021). O poder da destruição criadora. Inovação, crescimento e o futuro do capitalismo. Círculo de Leitores, Lisboa.

Desouza, K. C., Dombrowski, C., Awazu, Y., Baloh, P., Papagari, S., Jha, S., & Kim, J. Y. (2009). Crafting organizational innovation processes. Innovation. 11(1), 6-33.

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